Renato Ruas Pinto, M.Sc.
Em uma discussão sobre apresentações em um post no LinkedIn, houve bastante debate sobre o Prezi, com gente defendendo ou atacando essa ferramenta. Achei necessário fazer algumas observações, pois é uma plataforma que está cada vez mais popular e merece atenção.
Como tudo na vida, o Prezi tem pontos a favor e contra. Ele é uma plataforma realmente inovadora e que trouxe uma nova dinâmica para as apresentações. A novidade, se bem usada, pode trazer um frescor e um fator de novidade à sua apresentação para, assim, surpreender a plateia.
Porém, existem cuidados que precisam ser tomados e alguns pontos a serem observados para não fazer mau uso da ferramenta.
O que merece muita atenção no Prezi é o uso de animações. Boa parte da sua dinâmica está relacionada às suas animações e existe ampla literatura que mostra que o excesso de animação, por mais interessantes que elas possam parecer, pode prejudicar o aprendizado. Assim, o uso de animação exige disciplina e o conselho vale também para o PowerPoint. Se quiser saber um pouco mais sobre animações, veja este vídeo que fiz a respeito [LINK].
Há também algumas questões de ordem prática e que jogam contra o uso do Prezi, principalmente no dia a dia de empresas, onde a imensa maioria das apresentações está sendo feita nesse momento:
a. Ainda há pouca integração com as ferramentas do Office. Desse modo, tratar e formatar tabelas e gráficos pode ser um problema especialmente em reuniões internas, onde esse tipo de recurso é usado frequentemente. Pense, por exemplo, em uma apresentação de status de um projeto ou para a discussão de um problema técnico.
b. A estruturação da apresentação – em especial, o seu roteiro, tópicos onde clicar e sequência de animações – tem que ser bem conhecida ou apresentador pode se perder. Isto dificulta muito quando você prepara um material que será apresentado por outra pessoa, como o seu gestor. E ninguém quer deixar o chefe mal na fita.
c. Por fim, um ponto em que pouca gente se liga: tem muita gente usando a versão gratuita, que roda online. O perigo é você salvar e armazenar, sabe-se lá em qual servidor, informação confidencial da sua empresa. Algo que merece atenção especial é material de clientes, especialmente quando há um acordo de confidencialidade entre as partes. Cuidado para evitar violações.
Dito tudo isto, ainda assim acho que o Prezi pode ser usado, sim. A novidade está aí e se você quiser fazer diferente vale a pena explorar. Porém, hoje vejo a sua aplicação funcionando melhor em apresentações com baixa densidade de conteúdo (poucos dados e gráficos, especificamente) como palestras motivacionais ou em grandes eventos. Nesse tipo de material normalmente faz-se mais uso de imagens e fotos e pode ficar legal. Já para apresentações mais densas e complexas tenho dúvidas se é a melhor escolha.
Finalmente, lembre-se que a ferramenta talvez seja o fator que menos vai importar no sucesso ou fracasso da apresentação. Mais relevantes são a sua a ideia, como você vai contar sua história e como vai usar os recursos à sua disposição – gráficos, tabelas, textos, vídeos e outros. Já vi apresentações incríveis serem conduzidas só com um discurso afiado e um bom e velho flip chart.
Renato Ruas Pinto é engenheiro aeronáutico, graduado pela UFMG, com mestrado no ITA e MBA pela FAAP e atua há mais de 20 anos em gestão de projetos, desenvolvimento de produtos e marketing. É autor do livro “Slide Show” onde ensina as técnicas para criar apresentações surpreendentes e com qualidade profissional.